O Brasil, como qualquer nação que se quer grande no mundo, precisa desenvolver sua capacidade de projetar sua bandeira pelo mundo. Seja por meio de tropas, seja por meio de produtos, o crescimento nacional passa, invariavelmente, pela construção de frota marítima capaz de desafogar nossos portos, escoar nossa produção, sendo, portanto, adequada aos objetivos nacionais permanentes de ordem e progresso.
Grandes Marinhas fizeram grandes países. Basta que vejamos como atenienses, cartagineses, iberos, franceses, Holandeses, britânicos e norte-americanos se revezaram no domínio dos pontos focais que interligam as diversas linhas de comunicação marítima. Dispondo de larga frota comercial, e de considerável esquadra que protegiam seus navios mercantes, os antigos poderes navais conseguiram expandir suas colônias, invadir soberanias e impor o consumo de seus bens de produção, conseguindo, a preços irrelevantes, mão de obra e matéria prima a abastecer suas indústrias nascentes.
O Brasil, longe de tornar-se quando de sua independência um Império Colonial como muitos no hemisfério norte, focou sua atuação no cenário internacional pelo prestígio do monarca (D. Pedro II) e por sua boa relação estabilizante na região do Cone Sul.
Prova disso está nas rusgas com o poder hegemônico da época (Questão Christie) e que em nada resultou. Mesmo dispondo de forças armadas tímidas, o prestígio petrino permitiu ao Brasil desenvolver-se pacificamente, com poucas revoltas internas.
O comércio nacional, contudo, permaneceu agrícola e dependente de outras nações. Sem desenvolver uma indústria naval adequada, permaneceu o Brasil bastante dependente para exportar sua produção, e para defender-se, apesar dos esforços dos planos reaparelhamento dos almirante Alexandrino e Noronha, ambos ratificados pelo Barão do Rio Branco.
A Marinha Mercante é dependente de arsenais, estaleiros, engenheiros e técnicos especializados, além de estivadores, armadores, despachantes e empregados aduaneiros que permitam o trânsito mais rápido de bens e materiais exportados e importados.
Além disso, o desenvolvimento da Marinha de Guerra está diretamente ligado ao desenvolvimento de tecnologias que impulsionam diretamente a Mercante. É, portanto, intrínseco à Marinha de Guerra que haja o desenvolvimento adequado da Mercante.
Sendo assim, é impossível que não queiramos desenvolver facilidades que sejam essenciais ao comercial internacional. Desenvolver uma marinha é parte sem a qual um país jamais chegará a figurar entre as maiores do mundo.
Possuir navios para transportar seus produtos, para diminuir os custos de importação e exportação, e para demonstrar ao mundo sua capacidade tecnológica são fatores que devem incentivar ao poder político maiores esforços para a indústria naval e os agentes portuários, dotando nosso litoral de portos mais avançados tecnologicamente, pessoal mais especializado, e maiores capacidades de docagem e manutenção de navios, além de grande impulso na construção naval.
Apostar na expansão naval é também apostar na miríade de empregos que dela surgem, direta e indiretamente. Apesar de ser uma empresa a ser tocada pelo setor público, a indústria naval e de defesa estão diretamente interligadas, não sendo cabível possuir larga frota mercante sem sua contraparte bélica.
Possuir uma Marinha de Guerra forte é também uma necessidade na defesa de nossos mercantes, na projeção de nossa bandeira e na manutenção da soberania de nossa Amazônia Azul.
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