Semana (de destruição da beleza de) de 1922, mais utilitarismo, positivismo e comunismo tornaram o Brasil uma horrenda caricatura do que já foi.
Assistindo uma das aulas do Professor Olavo de Carvalho fui confrontada com a pobreza da linguagem brasileira utilizada hodiernamente que destruiu a outrora literatura pujante e tornando-a um monturo, um apanhado de jargões revolucionários, sem beleza, que busca constantemente cavar o conflito, o debate, o desgaste, sem oferecer ao que consome nada além de desesperança e feiura.
Nada de inspirador, de esperançoso, de belo. Muita baixeza, nojo, psicose, violência, pornografia, tudo feito para chocar, para mexer com os intestinos, o ventre, a genitália e a paixão, o pensamento do brasileiro gira em torno da temática constantemente, num “looping” de bizarrices desesperador.
Conservadores encontram alento, pois sabem aonde procurar, na alta cultura. Ainda podem admirar a beleza de algumas fachadas remanescentes (sobreviventes da destruição estética das cidades pelo utilitarismo), nos textos religiosos e clássicos, no legado de mais de dois mil anos de beleza deixado pelos antigos.
Tal legado foi ocultado e o que conhecemos como arte oferece ao homem moderno o fruto desta destruição empreendida em apenas cem anos. O legado da maldita semana de “arte” moderna precisa ser desfeito.
Questionei um amigo maestro (grande Roberto Kalili) sobre as óperas brasileiras (O Guarani, A tosca, Abul, Pedro Malazarte, A moreninha), ao que me respondeu que todas se inspiraram melodiosamente em Wagner e tinham o mesmo “defeito” de antimusicalidade, que é a falta da beleza melódica, da elevação, todas seguindo o estilo neurótico revolucionário da música do alemão. Recomendou as missas do Padre José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, 1767-1830) que me deixaram abismada e encantada. Tanto pelo fato do, no Brasil Império, as pessoas usufruírem nas missas de material musical daquela qualidade, como pelo fato de desconhecer a obra de um gênio e pelo número de pessoas que também desconhecem.
Agora a literatura brasileira (que começa lentamente a renascer) tinha sido praticamente extinta pela linguagem movida por chavões revolucionários que ancoram o discurso (luta de classes, desigualdade, lugar de fala, etc) e as tramas desenvolvidas com base nesses temas. Sempre. Sempre os mesmos temas desconstrutivistas.
A bela música brasileira (valsas brasileiras, música religiosa, modinhas que possuíam semelhanças notáveis com o tradicional canto português e com o Bel Canto) ostracizada, substituída por lixo importado e lixo nacional que buscam apenas mexer o ventre. Artes plásticas sem beleza, gerando apenas aborrecimento, questionamentos intermináveis “até questionar por questionar”, temas revolucionários, espírito utilitarista.
Quanto ao espirito utilitarista nas cidades. Muito embora tenha suas raízes na arquitetura soviética, nas revoluções, no desejo de transformar o mundo num “enorme bairro proletário de Moscou”, gerou nas ideologias irmãs dominantes na república brasileira (comunismo e positivismo) um ponto de concordância.
O positivismo abraça o tecnicismo que vê no utilitarismo virtudes. Pronto, está sepultada para sempre a beleza na arquitetura das cidades brasileiras. Não conseguiria abordar todas as minhas queixas sem me tornar enfadonha, então encaminho-me para a conclusão deste texto. Aos que desejarem mudar este quadro escrevam livros. Não somente registrando fatos e fazendo relatos visando guardar a história do ponto de vista do homem comum. Isto é importante, mas esse tipo de texto, jornalístico e documental pode ser produzido relativamente mais rápido e de forma mais simples.
O essencial neste momento é recuperar o imaginário brasileiro, para que volte a ser como outrora, ocupado por valores virtuosos tradicionais e religiosos e costumeiros.
Escreva ficção histórica, escreva narrativas fantásticas, escreva sobre fatos históricos que se quer esconder como quem escreve uma novela. Escreva como Machado de Assis e outros sobre o que é ser brasileiro. Para que outras pessoas leiam e entendam o que ainda existe de belo aqui. Em “Esaú e Jacó” de Machado, temos um memorial do Morro do Castelo, hoje extinto, relatos de como eram os costumes. Mesmo que não goste de José de Alencar (eu gosto) da leitura de “Sonhos d’Ouro” sabemos como foi Botafogo, Tijuca, Andaraí e a Floresta da Tijuca nos tempos do Império. Hoje em dia sabemos apenas conflitos que ocorrem nas favelas ou problemas sociais, chagas terríveis, crimes, infidelidades, traições, esportes… quem se anima a ler tanta desgraça?
A sua vida é realmente assim, cheia de coisas grotescas, traumas, psicoses e violências como a arte produzida hoje em dia quer retratar? Não existiu um namoro altruísta, um casal que ficou junto até o fim mostrando que o amor existe e vale a pena, nenhuma amizade a ser retratada? Nenhuma viagem fascinante, nenhuma saga, nenhuma busca por excelência e aperfeiçoamento com vitória que mereça ser contada?
Não existe mais beleza em nossas vidas?
Na verdade nos acostumamos a uma arte dissonante que expande uma parte da realidade para dizer que o todo é feito de tragédias e desordens. Sabemos que não é isso.
Por todas estas razões, exercite seu talento por patriotismo. Não precisa ser explícito, patriotismo não é só “colocar a bandeira em tudo”, mas lutar para preservar os valores, riquezas e encantos desta terra.
Se for músico e tiver reclamações semelhantes ao meu amigo, produza montagens de resgate histórico da musicalidade brasileira, com modéstia e decência. Não somos na totalidade uma sociedade depravada como a mídia e a classe “artística” (desinformantes que atuam nessa revolução bizarra) retratam a todo tempo. Se você não ouve funk “proibidão” e nunca, jamais, escutaria coisas indecentes na frente da sua mãe, sabe do que estou falando. Se muda de canal diante de certos programas e cenas, sabe do que estou falando.
Se for artista plástico, invista na pintura, na escultura, enfim, na arte realista, que desperta admiração e ligação com a verdade, com a beleza, faz valorizar o talento real, não fingido ou fabricado. Mostre-se.
Apreender a verdade tem a ver com parar de considerar talento o que não é. Em uma missa no século XIX ouvíamos obras como a do Padre José Maurício. Em um Sarau costumeiro, poemas e textos clássicos, poéticos. Ouviríamos alguém arriscar uma ária, tocar piano, cantar uma modinha. Em um livro de entretenimento ordinário, enriquecíamos nosso vocabulário e imaginário de belas aspirações. É nossa tarefa tornar o Brasil belo e nobre de novo.
Seu texto é um alento, Renata. No “falso reinado do mau gosto”, onde se considera um penico “arte moderna”, está decretado o suicídio da (mesma) arte.
Mas a verdade prevalece e é ela que nos interessa.
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