Bicentenário do Dia do Fico e Aclamação à Família Imperial

Por Anderson Santos Ribeiro Irmão Remido – Secretário da Imperial de Imperial Irmandade de N Sra do Rosário e S Benedito dos Homens Pretos

Texto escrito por ocasião do Bicentenário do Dia do Fico e Aclamação à Família Imperial de Imperial Irmandade de N Sra do Rosário e S Benedito dos Homens Pretos.

Cartaz do evento

Em toda sua tradição cívico-religiosa, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos tinha o feliz costume de após a celebração da Santa Eucaristia, realizar em seu Consistório uma Sessão Solene. Este é um fato facilmente encontrado em diversas referências, como uma simples pesquisa no Arquivo ou Biblioteca Nacional e testemunhado por diversos jornais, em uma época em que a religião e o patriotismo faziam parte da vida do cidadão.

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas e pessoas em pé
Multidão tomando a Igreja em 1922, na comemoração do Centenário.

Era costume, por exemplo, após a Missa em Ação de Graças pela Assinatura da Lei Áurea, irmos para o Consistório para a Sessão Solene em homenagem a memória dos abolicionistas e em ato contínuo irmos fazer a visita aos túmulos dos abolicionistas falecidos, costume que com a graça de Deus, iremos tentar recuperar de acordo com as nossas possibilidades.

No dia 7 de setembro será celebrado com alegria, o Bicentenário da Independência do Brasil, marcando os 200 anos de nossa separação política em relação a Portugal. Não do modo das revoluções, mas sim como um filho que, atingindo a maioridade, deixa o lar paterno – fato sublimemente representada na relação entre o Imperador Dom Pedro I e seu pai, o Rei Dom João VI. O Brasil, afinal, conservou de Portugal a fé, a língua, a cultura e mesmo a Monarquia como forma de governo.

“Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico!”

Estas palavras foram ditas, da sacada do Paço Real do Rio de Janeiro, pelo Príncipe Dom Pedro de Alcântara, Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil, e Algarves e Regente do Brasil, mas tiveram sua origem em atos dos quais as paredes do Consistório dessa Igreja testemunham!

Mal haviam chegado a Portugal os soberanos e já os brasileiros demonstravam a sua repulsa ao domínio português e o seu vivo desejo de independência, no que eram francamente apoiados pelo próprio D. Pedro, que se tornou a figura de maior destaque da nossa História.

Os rumores das agitações populares com a anuência do Príncipe Regente logo se fizeram ouvir na Corte, o que provocou uma ordem de D. João VI para que o Príncipe entregasse o governo a uma junta e regressasse imediatamente a Portugal. Dessa, forma, pensavam as cortes lusitanas, estariam sufocados os anseios de liberdade do povo brasileiro…

Foi aqui, no Consistório dessa Igreja, que saiu o Senado da Câmara com seu estandarte à frente, no dia 9 de Janeiro de 1822 para apresentar ao Príncipe Regente D. Pedro a representação em que o povo pedia a este que, desobedecendo às ordens terminantes da Corte de Lisboa, ficasse no Brasil” (Cônego José Olympio).”

Hoje, também nós, somos convidados a reviver este trajeto, ao final dessa celebração histórica, iremos nos dirigir ao Paço Imperial, para um Ato Cívico que nos lembrará o primeiro manifesto político com 8.000 assinaturas que marca o início do processo de Independência, quando José Clemente Pereira liderou a grande manifestação popular do 9 de janeiro de 1822 que pediu a permanência do príncipe regente no Brasil. O texto da declaração que pedia a permanência foi escrito por Gonçalves Ledo e pelo Frei Francisco de Santa Teresa de Jesus Sampaio.

Caminhada repetindo o gesto do povo brasileiro em 1822.

Entre os que pediam a permanência do Príncipe para que não houvesse revoltas e movimentos separatistas que poderia fragmentar a nação, Frei Francisco de Santa Teresa de Jesus Sampaio, de quem era grande amigo, dizia:

Senhor. A saída de V. Alteza Real dos Estados do Brasil será o decreto fatal que sanciona a independência deste reino. Exige, portanto, a salvação da Pátria que V. Alteza suspenda a sua ida até nova determinação do Soberano Congresso. O Partido da Independência, que não dorme, levantará o seu império, e em tal desgraça, oh! que de horrores e de sangue, que terrível cena aos olhos de todos se levanta!”

Foi então que perto e quase junto desse Consistório que, tendo a Câmara voltada para seu Paço no mesmo dia 9 de Janeiro com a resposta a patriótica do Príncipe, subiu a um monte de pedras que ali havia, um dos filhos do ilustre Capitão Mor, o Sr. Innocencio da Rocha Maciel, e em voz alta leu à multidão entusiasmada o primeiro número da “Reclamação do Brasil”, periódico que acabava de sair a luz e de ser distribuído, e cujo redator foi o Ilustre José da Silva Lisboa, posteriormente Visconde de Cayru e que era então Deputado da Junta do Comércio e um dos diretores da Imprensa Régia” (Cônego José Olympio).

Foi do Consistório dessa Irmandade do Rosário que, ao chegar ao Rio de Janeiro a notícia de que o Governo de Portugal notificara aos seus agentes nos portos estrangeiros que tratassem de opor-se eficazmente à remessa de armas e munições bélicas para o Brasil, saiu o Senado da Câmara no dia 13 de Maio de 1822, e foi pedir em nome do povo ao Príncipe Regente, Dom Pedro que aceitasse o título de nobre empenho de Defensor Perpétuo do Brasil, solene voto que foi logo satisfeito” (Cônego José Olympio). Fato que iremos comemorar também o bicentenário, no próximo 13 de maio, este ano, sexta-feira, aqui nessa Igreja, junto com os 134 Anos da Assinatura da Lei Áurea…

Foi, portanto, na Igreja do Rosário que se deu um dos mais decisivos passos para a nossa emancipação política.

Imperial de Imperial Irmandade de N Sra do Rosário e S Benedito dos Homens Pretos

Aproveito para agradecer ao Revmo. Padre Edmar Augusto Costa, Reitor dessa Igreja por nos acolher nesta data importante que inaugura as comemorações da celebração do bicentenário da Independência.

Em nome da Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, saúdo com imenso carinho e respeito, Vossa Alteza Real, o Príncipe do Brasil Dom Fernando de Orleans e Bragança, Irmão Nato de nossa Irmandade que condignamente representa o Chefe da Casa Imperial, Dom Luiz de Orleans e Bragança.

Dom Fernando no lugar destinado à Família Imperial durante a missa.

Conforme a lavra do Cônego Dr. Olympio de Castro, semelhante ao que acontecera a 100 anos, quando a nossa Igreja quase ficou fora das celebrações da Independência, e a Missa de hoje estava previamente destinada a acontecer na Igreja da Imperial Irmandade da Glória do Outeiro. Quis o Senhor Deus dispor do contrário! Para alegria de nossa Irmandade! Agradeço ao Dr. Bruno Hellmuth, Chanceler do CMRJ, e demais Diretores do por terem escolhido essa Igreja para celebrar tão grandiosa data.

Agradeço a todos os grupos monarquistas que se fazem presentes nesta Casa Santa.

Agradeço aos que serviram ao Altar e ao Músico pelo primoroso serviço litúrgico.

Agradeço aos Irmãos de outras Irmandades, Confrarias, Devoções e Ordens Terceiras e todos os presentes que nos prestigiam com sua presença.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

Postado primeiro com muitas fotos aqui

Reunião na face do Paço Imperial que dá para o Chafariz de Dom Valentim, onde há uma escada, por onde D. João VI subiu, quando seu barco chegou ao Rio em 1808.

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