A derrota por rendição

Por Liam Bourn | Follow @LiamBourn on Twitter and Gettr

Há duas maneiras de pôr fim à guerra: por debelação, que é a vitória sobre o inimigo através de sua completa destruição e por rendição, que é a conquista sobre o inimigo por sua desistência, a qual se procede por capitulação ou entrega incondicional.

A capitulação ocorre quando o vitorioso e o derrotado acordam o termo de rendição em que esse aceita se submeter às imposições daquele sob algumas garantias; sem aniquilar a existência do derrotado, ao menos por ora, de modo que o vitorioso usufruirá do território conquistado.

A liberdade de religião e a língua própria, que compõem a identidade nacional, a propriedade privada, que é o exercício real da liberdade individual e o porte de armas, que é a própria garantia material de defesa dos direitos de existência, são objeto do termo de capitulação.

A saber, o objetivo do vitorioso não é só inibir que o outrora adversário, agora subjugado, promova no futuro uma insurgência armada, mas, antes, eliminar o espírito de resistência depois que os valores transcendentais e o meio de transferir inteligência sejam desencorajados.

Já a entrega incondicional ocorre quando o vitorioso conquista a desistência por liberalidade do seu inimigo, de tal maneira que nenhuma garantia é dada à parte derrotada. O derrotado, vendo-se incapaz de resistir às ameaças de sua aniquilação, desiste de lutar e cede ao inimigo.

Pois bem, o brasileiro médio de todo o séc. XX, e muito mais ainda o da geração do séc. XXI, tem uma tremenda dificuldade de se relacionar com a realidade. Ele não vê aquilo que objetivamente está diante dos olhos; mas crê na ficção que convém às suas paixões do dia a dia.

E o medíocre é assim em todas as áreas da vida. Extremamente passional para não dizer histérico, julgando as situações pelo vício da passionalidade. E isso não tem a ver com etnia ou procedência nacional, mas sim, com decisões de Governo e influência externas de seus líderes.

Se é verdade que a guerra é a política com sangue e a política é a guerra sem sangue, quer dizer que as regras e as terminologias militares podem ser perfeitamente adotadas no cenário da política. Levando em conta os conceitos acima expostos, qual o cenário político do Brasil?

É impossível não inferir que Bolsonaro perdeu a guerra por rendição, por cansaço, por inabilidade, por falta de ação necessária e adequada. O Sistema lhe impôs uma derrota por rendição capitulada, que avança para uma entrega incondicional do Governo e dos meios de resistência.

Afinal, o Governo Bolsonaro foi eleito com uma agenda soberanista, que objetivava, ao menos, o refreio da situação neocolonial do Brasil criada pelos últimos sete presidentes, de um Estado fantoche, apático e subjugado pelas ‘Medidas Ativas’ dos sinocomunistas e plutoglobalistas.

O objetivo da agenda eleita era fortalecer a Defesa Nacional, especialmente a área nuclear, promover a identidade nacional e a proteção das liberdades públicas, de sorte que o Brasil deixasse de ser o anão diplomático pagador de pedágio de potências e agências internacionais.

Um parêntese. Entende-se por promoção da identidade nacional não a utilização de propaganda chauvinista de regimes ideológicos e totalitários, mas a reação a favor das tradições e valores nacionais e a denúncia e o enfrentamento da doutrinação neomarxista e internacionalista.

A doutrinação que propõe microconflitos identitários e dividem a sociedade, escárnio à história e aos valores da própria nação, amoralidade materialista e subversiva, tudo imposta como arma de guerra híbrida para destruir a autopreservação dos indivíduos, da família e da nação.

O combate à corrupção foi também um dos itens de pauta da agenda eleita. E, a bem da verdade, a corrupção não se resume só ao conceito formal de dicionário ou legal do tipo penal, mas a corrupção material e moral de Estado que destrói o futuro do Brasil como nação independente.

São os institutos criados por leis injustas que dão a legitimação disfarçada à corrupção, como os fundos partidários e eleitorais e a Lei Paulo Gustavo. São bilhões de reais a cada ano entregues a adversários para que continuem o status quo de hegemonia de poder e cultural.

Hegemonia de poder e (in)cultura para conveniência do neoimperialismo das potências e grupos de interesses internacionais. E o que dizer da Lei nº 13.979/2020, fruto de uma Medida Provisória, por meio da qual decretos estaduais e instruções ministeriais são fundamentados?

É detestável o discurso exotérico ter um conteúdo e o esotérico ter outro conteúdo, expressado por ações e assinaturas. Desta maneira, Bolsonaro se coloca como o Presidente ideal para o Sistema, hipnotizando a massa popular de apoiadores à passividade e ao conformismo silente.

Então, como Bolsonaro não estaria já derrotado por rendição capitulada, para não dizer incondicional, se os adversários já lhe impuseram os termos, controlam os meios de ação, dominam o território e usufruem das riquezas da União, em oposição aos interesses do povo e nação?

O mediano é passional e pensa por símbolos visuais e slogans ordinários. É dizer, acreditam que se Bolsonaro nominalmente é o Presidente, ele está vencendo. Se no Governo formalmente não há corrupção, o Governo não é corrupto. O mediano não articula os fatos da realidade.

Gritam o chavão “Deus, pátria e família”, ingerem-no como fosse um amuleto com poder suficiente de transformar a realidade, e negam deliberadamente a conjuntura em que o Brasil, por causa de inaptidão e hesitação, ruma à sua inexistência como nação, em um futuro não tão distante.

O Governo há ser julgado pela soma dos resultados positivos e conquistas de espaços, tal como na guerra, sobretudo se estava, de antemão, dotado de meios de ação, aparato tecnológico e orçamento. Transformar o país apenas em um mero canteiro de obras não é vitória coisa nenhuma!

É só um serviço paliativo que não tem poder em si mesmo de impedir, como agora ocorre, o sequestro do país por forças estrangeiras e cleptocratas. Abusar de pirotecnia populista e de palavras vazias que não correspondem com as ações materiais denuncia a inaptidão para a missão.

Não há como vencer uma guerra real pelo grito de chavões, trash talking ou battle rap. Na política como na guerra, as intenções não valem nada; ações são o que importa; é avaliada friamente pelo resultado, isto é, quem impôs o maior número de objetivos iniciais idealizados!

Jair é um elefante amarrado a uma cadeira. Ele desconhece a própria força política e se deixa domesticar por más influências, por timidez de exercer o poder. Ele subutiliza a sua força para sobreviver, e não vencer. Ao fim, não venceu, nem sobreviveu politicamente. Rendeu-se!

A política, como a guerra, não deixa margens a relativismos. Só há dois caminhos: ou vence ou perde!

“Política é vencer. Se você não vencer, não poderá colocar os seus princípios em prática. Portanto, encontre uma maneira de vencer ou fique de fora da batalha.” David Horowitz

Quando se nega o Conservadorismo Tradicional (devoção aos elementos próprios da nação: religião, alta cultura e língua) a favor do Revolucionarismo Modernista, já não há verdades transcendentais e virtudes edificadas por experiências históricas. Não há mais sabedoria e sensatez!

Quando a nação perde a sua ética conservadora para dar vazão à revolucionária será como uma folha ao vento, instável e perdida, guiada conforme as “novas verdades” que mudam ao sabor da ideologia da moda, da ciência do dia, da opinião do ditador da ocasião. Só histeria e vaidade!

Quando o imperativo moral progressista (onde tudo que é novo é melhor) domina a mente de líderes nacionais, esse Estado fatalmente promoverá barbáries em nome do mais moderno (ciência) para construir um novo homem, uma nova sociedade, uma nova ordem. Isso é Brasil desde 1889.

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