Falemos da mais nova sensação do teatro carioca: a peça “Precisamos Matar o Presidente”. O diretor do grupo teatral Blabonga, Davi Porto, disse em uma entrevista que “o teatro, como qualquer outra arte, nasce de uma necessidade. A pandemia acabou unindo todas as necessidades… surgiu o descaso do governo atual, que ainda transformou cada artista em inimigo do Estado”. Mais à frente, conclui: ”de repente, tudo que restou foi o ódio”. Vou parar por aqui. Daqui para a frente, as palavras serão minhas.
Segundo a definição de arte de um dicionário, “arte é a expressão de um ideal estético (ou seja, de um ideal de beleza) através de uma atividade criadora. É uma manifestação humana universal (existe em todas as culturas) que produz coisas reconhecidas como belas pela sociedade. Uma obra de arte transmite uma ideia, um sentimento, uma crença ou uma emoção. Mas a arte também pode ter finalidade transgressora, expondo ao mundo uma visão crítica e nem sempre agradável da realidade.”
Fazer arte não é uma tarefa fácil. Está implícito na arte o ideal de transformação da realidade; através dela o artista expressa a busca incessante do ser humano pela realização, a felicidade, a justiça, o mistério, a insatisfação com a própria existência e muito mais. O compromisso com o belo não deve ser encarado apenas no sentido estrito da palavra, mesmo porque hoje em dia a beleza saiu de moda. Isto é claro que gerou conseqüências (negativas) na arte. A distopia ganhou vez, como reflexo de uma sociedade vazia e sem esperança.
Alguns anos atrás, uma “performance” submetia seus atores a “urinarem uns nos outros”. Não há transgressão que justifique este absurdo. Por mais que se dê um nome bonito como “arte experimental” para este tipo de encenação, jamais poderá ser considerada arte. Ofender a si mesmo ou ao outro não passa de escândalo. A peça de Davi Porto “Precisamos Matar o Presidente” nasce, como ele mesmo diz, de uma necessidade e também do ódio. Mas ódio a que(m)? Ao roubo? Ao crime? À uma corja de corruptos insaciáveis que arrasaram com o país? Não! Ódio àquele legitimamente eleito por seu povo!
Será que Davi procurou saber quem realmente é Bolsonaro e o que este governo está fazendo ou apenas “foi na onda” dos colegas, que por sua vez foram na onda esquerdista-midiática e saíram por aí repetindo palavras de ordem e impropérios sem nenhum compromisso com a verdade dos fatos? Um artista precisa respeitar seu país e o seu público. Como alguém vai se comunicar com o público, tendo desprezo por ele? Pois a meu ver, Davi está desrespeitando milhões de brasileiros que votaram em Jair Messias Bolsonaro e até hoje o apoiam – ou será que o autor/diretor não vê as inúmeras manifestações de carinho e admiração por onde o Presidente passa?
O palco não é apenas um lugar de “exibição”, deve ser um lugar de comunhão, de encontro. Encontro de emoções, de idéias, mas sobretudo de respeito por aquele que saiu de casa para ver o espetáculo. É claro que o artista tem todo direito de ter suas preferências políticas, mas num país tão sofrido, com um povo tão humilde e trabalhador, será que é honesto “virar as costas” para o raro momento em que este povo conseguiu (graças ao milagre das redes sociais) ter alguma voz? A todo momento ouve-se a palavra “democracia” apenas de forma figurativa, porque democracia é antes de tudo respeitar a vontade da maioria. Isso nem é cogitado.
Me pergunto porque a classe artística (não toda, claro) exalta um desgoverno que roubou bilhões do país, evadiu fortunas para ditaduras, prometia acabar com a liberdade de imprensa (o oposto do que defende e faz, Bolsonaro), defendeu e se aliou com terroristas, etc, etc. O governo está trabalhando ininterruptamente, “arrumando a casa”, cuidando de rodovias abandonadas há mais de quarenta anos, construindo ferrovias (milagre), enxugando o funcionalismo público de Brasília, recuperando a Petrobrás, gerando um milhão de empregos só no primeiro ano de governo, moralizando o BNDES e tantas pessoas fingem não ver! Talvez isso tudo não importe para muitos.
O banditismo se consagrou no Brasil. Não há respeito à autoridade, essencial num país que se propõe a crescer. A dignidade é um valor necessário que está sendo vilipendiado e este terreno não é favorável à evolução de uma sociedade, nem mesmo da arte. Davi fala em ”descaso do governo atual que o tornou inimigo de cada artista”. Bem, graças a Deus conheço artistas fantásticos que apóiam o governo e reconhecem a luta que está sendo para tentar caminhar, apesar dos inimigos internos. O que muitos destes artistas não entendem é que para ampliar as oportunidades é preciso refazer um sistema viciado em privilegiar um grupinho que fala em diversidade, mas na prática não a aceita.
Uma grande artista disse que “uma mulher que se preze não vota neste Bolsonaro”. Que Presidente exaltou tanto a figura da mulher quanto ele? Que misógino permitiria que sua mulher discursasse na cerimônia de posse? Difamam deliberadamente, agridem como nunca fizeram antes, estimulam o ódio o tempo todo e não se perguntam em nenhum momento se estão agindo com bom senso. Um ex-presidente é sabido que levava a amante para as viagens no avião da FAB de forma ilegal, sem anotar o nome da “passageira” para a esposa não saber. Foram anos assim. Em certo momento numa entrevista, referiu-se à mulheres “de grelo duro”! Um horror!!!. E aí, pode, feministas?
Que sentido terá a obra de Davi, se segundo ele mesmo “só resta o ódio”? Não pretendo ver a peça, mas deixo a pergunta: será que em algum momento houve o mínimo compromisso com a verdade? Este governo levou água ao Nordeste, (o PT falou durante anos sobre os pobrezinhos e a seca, mas passou anos no poder e nada) está levando esgoto a todo o país – sim, milhões de pessoas não têm esgoto no Brasil – e parece que isso não conta para a dita classe artística. Gostaria de saber a opinião dele sobre aquele ícone do teatro-feito-com-dinheiro-público chamado “macaquinhos”, que ganhou o edital do SESC para pisar em seus palcos!
Um show de mau gosto que desmerece o teatro, o povo brasileiro e a cultura nacional. O que pode ficar de uma obra como essa, quando cada um voltar pra casa? A transgressão é válida, mas o público para ela é reduzido. Ainda assim, tudo tem limite. Não há transgressão que valha o apequenamento do ser humano, nem mesmo do artista. A degradação nunca é uma boa escolha. O Deputado Otoni de Paula protocolou uma notícia-crime na PGR, solicitando a instauração de inquérito contra o grupo de teatro, para apurar o crime de incitação à violência. Parabéns ao Deputado, afinal este Presidente já sofreu um atentado. Porém, a temporada está mantida até o momento.
O Presidente criticado é tão democrático, que “não moveu uma palha” para impedir sua apresentação. Na resenha diz “… Aqui podemos tudo … fugir desta cruel realidade e gritar o que precisa ser dito”. Cruel é a fome e a ditadura da Venezuela e de Cuba que muitos apoiam. Perseguem gays, opositores, fecham jornais. Dá para entender? Cruel era ver sempre os mesmos artistas contemplados com patrocínio, enquanto tantos outros ficavam sempre de fora. Mas isso não importa para quem vive do ódio. Acho difícil um espetáculo se sustentar em cima de bases tão frágeis. Mas acho que isso não importa. O que conta mesmo são os cinco minutos de fama.